Cirurgia bariátrica controla o diabetes tipo 2 a longo prazo

Cirurgia bariátrica controla o diabetes tipo 2 a longo prazo

Em estudo, operação elevou chance de remissão da doença e reduziu risco de complicações cardiovasculares em comparação com tratamento convencional.

Uma pesquisa publicada nesta terça-feira reforça as evidências de que a cirurgia bariátrica é eficaz em tratar o diabetes tipo 2 em pacientes obesos — e, pela primeira vez, mostra que o efeito positivo se estende a longo prazo. De acordo com o estudo, a cirurgia aumenta a chance de regressão do diabetes e diminui as complicações da doença em comparação com o tratamento convencional, baseado em medicamentos, mesmo quinze anos após a operação.

 

Algumas pesquisas anteriores já haviam indicado que a cirurgia bariátrica pode ajudar pessoas diabéticas. Um estudo brasileiro divulgado em 2012, por exemplo, mostrou que o procedimento foi capaz de controlar o diabetes durante um ano em 99% dos 66 obesos operados. Em março, especialistas americanos publicaram um trabalho mostrando que os efeitos benéficos da cirurgia sobre o controle do diabetes duram por pelo menos três anos.

Os autores do novo estudo avaliaram cerca de 600 pacientes obesos que tinham diabetes tipo 2 — parte deles foi submetida à cirurgia bariátrica e o restante, a um tratamento convencional contra a doença. Os participantes foram acompanhados entre dezessete e dezoito anos a partir do dia da cirurgia ou do início do tratamento medicamentoso.

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De acordo com as conclusões, publicadas no periódico Journal of the American Medical Association (Jama), dois anos após o início do estudo, o diabetes regrediu em 72,3% dos pacientes operados e em 16,4% dos indivíduos tratados com remédios. Após quinze anos, a taxa de remissão da doença passou a ser de 30,4% e 6,5%, respectivamente. A remissão do diabetes tipo 2 foi medida a partir dos níveis de glicose na corrente sanguínea dos pacientes.

Ainda segundo a pesquisa, todos os tipos de cirurgia bariátrica foram associados à regressão do diabetes. Além disso, durante esses anos, o procedimento também diminuiu a incidência de complicações cardiovasculares decorrentes do diabetes em comparação com a abordagem convencional.

Infográfico: Entenda os tipos de cirurgia bariátrica

No diabetes tipo 2, o organismo de uma pessoa se torna resistente à ação da insulina, hormônio que controla os níveis de glicose no sangue. Dados do Ministério da Saúde divulgados em abril mostram que a prevalência da doença cresceu no país de 5,5% em 2006 para 6,9% em 2013.

O diabetes tipo 2 pode surgir a partir da combinação de dois fatores: o genético, ou seja, o histórico da doença na família, e o ambiental, caracterizado por fatores de risco comoobesidade e sedentarismo. Embora uma pessoa não possa mudar sua propensão genética à doença, ela pode reduzir o risco com mudanças de estilo de vida — e isso inclui manter um peso saudável, alimentar-se corretamente, exercitar-se e não fumar.